Título: A-LII
Autor: Ana Macedo
Editora: Literata
Páginas: 464
Classificação: 4 estrelas
Sinopse: Não deixem que nos calem. Em um mundo devastado pelas 3ª e 4ª guerras mundiais, A-LII, um clone criado em cativeiro, começa questionar sua existência, enquanto, Will, um garoto crescido nos subúrbios de uma Londres destruída, luta pela sobrevivência de sua família. O que ninguém espera é que, juntos, esses dois possam ser a chave de uma revolução contra a opressora Voz, mas, qual será o preço pago pela liberdade?
“Não deixem que nos calem.”
“– O mundo é cruel, filho, as pessoas simplesmente fingem não enxergar.
Elas escolhem não enxergar.”
Cruel é ter terminado esse livro e não ter palavras para expressar, corretamente, o que foi essa viagem maluca.
Em A-LII, encontramos um mundo destruído, onde a estupidez humana elevou-se a níveis surpreendentes. Aqui existe a Voz, um governo autoritário, ditador e sem escrúpulos, que por uma ironia do destino, silencia à todos que tentem discordar da sua maneira de reger o mundo. Também existem os rebeldes, que tentam derrubar esse governo de alguma maneira. Aqueles que estão cansados de sobreviver à um mundo com valores tão distorcidos.
Nesse meio também existem os clones. Criados pelos humanos não apenas para substituir aqueles a quem amamos que já se foram, mas também para suportarem experimentos de todos os tipos, até as técnicas mais impensáveis de tortura. Essas criaturas são consideradas abomináveis, sem alma, piores até do que animais.
Sim, meus queridos, essa é uma distopia. E, permitam-me dizer, muito bem escrita e desenvolvida. Lembro-me de ter comentado com a Macedo, ao ler alguns capítulos do livro, que eu nunca li nada parecido com esse livro no Brasil, e que todo mundo precisava ler isso.
A-LII é um dos poucos livros que já começam te deixando intrigado, te obrigando a virar a página de um jeito meio frenético. É impossível pensar em outra coisa. E se você é fã de cenas fortes, que deixam os nervos à flor da pele, e te fazem sentir todas as emoções do personagem, como se fossem suas … bom, esse é o livro para você!
Aqui conhecemos Allie, um clone que passa por situações muito perturbadoras, pra dizer o mínimo. Allie está acostumada a ser tratada como lixo, e tem gravado dentro de si a ideia de que, por ser um clone, ela não merece nem um pingo de consideração, respeito, ou educação. Ela foi criada com um único e simples propósito: servir à Voz e somente a ela.
Mas Allie tinha um problema, um defeito. Allie pensava. Allie sentia. Allie tinha opiniões próprias, coisas que não são esperadas de um clone. As situações pela qual ela passa, são tão fortes, que nos fazem entender o porquê de seu ódio contra os humanos. Seres que não tem um pingo de compaixão por nada que respire o mesmo ar que eles, nem mesmo por outro ser humano. Sim, humanos são monstros capazes de destruir sua própria espécie em busca do poder supremo.
“– Eu sou fruto de uma brincadeira de homens desonestos tentando
suprir seus caprichos. Você é o monstro, eu a criação.
Eu não pedi para nascer. O que há aqui são homens sem escrúpulos,
brincando com a vida ao seu bel prazer, homens guiados única
e exclusivamente pelo desejo de sobrepujarem-se uns aos outros.
– Homens? – ele ri-se – Menina, você está errada. Aqui só há monstros.”
Aqui também conhecemos William, um menino que sofria dentro de sua própria casa, com um pai bêbado e uma mãe prostituta. Ele era a única pessoa responsável pelo sustento da casa e a criação de seus irmãos menores. Mas, por uma crueldade do destino (ou seria da Voz?), Will tem tudo arrancado de suas mãos, sua casa, sua família … tudo!
E de repente, Will se vê dentro do acampamento rebelde, fazendo parte de algo maior que ele, e que ele nunca considerou abraçar como causa. Mas a única coisa que o mantém lá, não são os ideiais utópicos daquele povo, mas sim sua sede de vingança.
“Quero meus anos perdidos de volta, quero minha infância,
e minha juventude. Quero a inocência que me fora roubada tão cedo.
Quero minha vida. Minha esperança. Eu quero tanto. Mas o que eu quero,
acima de tudo, é poder fugir desse poço sem fim que suga minha força de vida,
que irradia problemas e deforma minha alma, que consome e destrói
tudo o que há a sua volta.”
O que eu gostei muito foi a forma como a história foi sendo construída, por dois pontos de vista diferentes, que não se encontram até um momento crucial do livro.
Em uma das missões do grupo rebelde, Will e Allie cruzam caminhos … e é aqui que o livro fica impossível de largar. Alianças, traições, esquemas sórdidos, verdades reveladas que te deixarão sem chão. Uma rede de acontecimentos que não te deixarão tirar os olhos da página até a última palavra.
A-LII é um tapa na cara da sociedade, assim como toda boa distopia. Um choque direto nas veias, regado de muita ação, adrenalina e honestidade. É mais uma obra espetacular da nossa literatura, que não perde em nada para as de fora. Sério, vocês não vão se arrepender.
“Não importa o quanto tentem nos silenciar, nós reapareceremos;
ressurgiremos da cinzas, em nome de cada um que já morreu
de alguma forma lutando por sua liberdade, correndo em busca de
seus direitos. Não porque somos incorruptíveis, morais ou melhores,
nem mais espertos, iluminados, ou qualquer coisa parecida,
mas porque somos conscientes de nossos traumas e dores,
de nossas falhas e temores. Porque, onde houver opressão,
o povo há de se erguer, guiado por alguém altruísta o suficiente
para importar-se mais com seus ideais do que com seus caprichos.”
E pra quem está mega ansioso para ter esse livro em mãos, pode comemorar: Bienal está chegando! A Ana estará TODOS OS DIAS lá, vendendo o livro e conversando com fãs. Mas o lançamento oficial é dia 31 de Agosto, no stand da editora Literata, em plena Bienal do Livro, onde você poderá adquirir sua cópia autografada.
E gostaria de dizer que foi uma honra participar dessa divulgação do livro, e ser um dos primeiros blogs a resenhar A-LII. Muito obrigada mesmo, Ana, em nome de toda a equipe, foi um prazer fazer parte disso com você. Muito sucesso. E pode começar a escrever o próximo, porque esse final acabou comigo.
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